sábado, 22 de agosto de 2015

Mensagem: Ver vendo de Otto Rezende


... De tanto ver, a gente banaliza o olhar... Vê não - vendo...

Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver...

Parece fácil, mas não é...

O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade...

O campo visual da nossa rotina é como um vazio...

Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta...

Se alguém lhe perguntar o que você vê no seu caminho, você não sabe...

De tanto ver, você não vê...

Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio de seu escritório...

Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro...

Dava-lhe um bom dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência...

Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer...

Como era ele?

Sua cara?

Sua voz?

Como se vestia?

Não fazia a mínima idéia...

Em 32 anos, nunca o viu...

Para ser notado, o porteiro teve que morrer...

Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser que também ninguém desse por sua ausência...

O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem...

Mas há sempre o que ver...

Gente, coisas, bichos...

E vemos?

Não, não vemos...

Uma criança vê o que um adulto não vê...

Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo...

O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de tão visto, ninguém vê...

Há pai que nunca viu o próprio filho...

Marido que nunca viu a própria mulher (e desconhece os seus segredos e desejos), isso existe às pampas...

Nossos olhos se gastam no dia -a - dia, opacos...

É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença...

Obs: Aproveitei essa mensagem para fazer uma dinâmica em uma reunião de planejamento.

Dinâmica: Em dupla ( usando apenas um copinho de café de boca para baixo,em cima de uma mesa ou carteira da própria sala de aula).Os dois professores sentam um de frente para o outro e em seguida eu fui lendo o texto e quando eles ouviam a palavra vê ou ver um deles tinha que bater a mão  no fundo do copinho.

Conclusão: Quem acertasse mais vezes o fundo do copo ganhava a competição;
                 O professor que ganhou e mais amassou o copinho esse é capaz,  decidido corre atrás do seu objetivo; 
                 Muitos ficaram com medo de bater pois às vezes poderia prejudicar o outro machucando afinal acertaria a mão do colega e o medo o atrapalharia.
                 Uns poderiam desistir no meio da dinâmica ficando nervoso por não acertar nenhuma vez.

 

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