SEQUÊNCIA
DIDÁTICA: “VIVIANA, RAINHA DO PIJAMA”.
Rossélis Elias Soares
No ano de 2013 o
curso de formação continuada: Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa
nos chama a atenção a repensar nossas experiências em sala de aula a fim de que
tenhamos um tempo supervisionado para reaprender a ensinar com comprometimento
e empenho de todos os educadores envolvidos; com os objetivos: o primeiro é
mostrar que é importante continuar ensinando a ler em todas as séries
contemplando formas de a escola orientar a leitura crítica; o segundo é sugerir
um conjunto de possibilidades que permitam ampliar o universo de leitura aos
alunos, propiciando a formação do leitor na idade certa.
Fundamentação
Teórica
“A capacidade de
aprender a aprender é a expressão máxima da competência e autonomia cognitiva e
moral. O desenvolvimento de estratégias de aprendizagem deve ser, portanto, um
dos objetivos primordiais da escolaridade. A autonomia é uma conquista possível
para os indivíduos, mas requer um longo caminho. O processo é uma verdadeira
construção que se realiza no interior do sujeito e não uma simples incorporação
de elementos externos, de hábitos e condicionamento. Autonomia é um princípio
básico tanto para o desenvolvimento do aluno, como do educador e da escola.”
Projeto Pedagógico Pitágoras, 1998.
O presente relato é uma atividade da Língua
Portuguesa transcorrida na Escola Municipal Manoel Mayrink Neto, que propõe
como eixos temáticos para a Proposta Curricular das disciplinas, conteúdos que
evidenciam o enfoque interrogativo e reflexivo que desejo imprimir ao processo
de ensino e aprendizagem ler e escrever com autonomia. A referência aos
diversos campos do conhecimento aponta para a intenção de superar o ensino
fragmentado e descontextualizado. Ao trabalhar a Sequência Didática procurei desenvolver
de forma integrada noções de Língua Portuguesa, Matemática, História,
Geografia, Ciências da Natureza e Artes.
Em todos os anos de escolarização,
as crianças devem ser convidadas a ler, produzir e refletir sobre textos que
circulam em diferentes esferas sociais de interlocução.
Sendo assim conclui-se que o leitor
compreende o que está escrito a partir das relações que estabelece entre as
informações do texto e seu conhecimento de mundo. Ou seja, o leitor é sujeito
ativo do processo. Na leitura, não age apenas decodificando, porque ler é
atribuir sentidos. Ao compreender o texto, o leitor pode ser capaz de refletir
sobre ele, de criticá-lo, e saber como usá-lo em sua vida, podendo produzir
algo a partir do que foi lido.
Ao
escrever o aluno avalia o próprio texto, revê,corrige, e reescreve. É
importante a escolha do gênero a ser escrito. A situação de escrita precisa ser
contextualizada e com significado para as crianças. Ter claro o que produzir
(qual gênero), para que produzir (o objetivo do texto), para quem produzir
(destinatário) e onde circulará.
As
normas gramaticais e a escrita ortográfica são ferramentas essenciais na
produção escrita, porém é necessário considerar o esforço da criança em manter
a unidade de sentido, a sequência do texto escrito.
Descrição
das atividades e forma de Avaliação
O
trabalho a ser realizado na sala de aula é grande e sabemos que o tempo é
sempre pouco. Isso, por que além de desenvolver capacidades de leitura, precisamos
estar atentos a outras capacidades na construção de um sujeito competente com
domínio da língua. Para dar conta da dimensão da tarefa, é preciso contar com
bons materiais (ou suportes) de leitura.
Uma boa aula de leitura começa pelo planejamento, tendo
como eixos norteadores Produção de textos escritos e Leitura sendo os seguintes
objetivos:
Eixo
Produção de Textos Escritos:
·
Produzir textos com autonomia, atendendo
a finalidades proposta.
·
Planejar a escrita de textos
considerando o contexto de produção: organizar roteiros planos para atender a
diferentes finalidades, com ajuda de escriba.
·
Revisar os textos com ajuda de escriba
após diferentes versões, reescrevendo-os de modo a aperfeiçoar as estratégias
discursivas.
·
Dominar as correspondências entre letras
ou grupos de letras e seu valor sonoro, de modo a escrever palavras e textos.
Eixo
Leitura:
·
Relacionar textos verbais e não verbais,
construindo sentidos.
·
Localizar informações explícitas em
textos de diferentes gêneros, temáticas, lidos pelo professor ou outro leitor
experiente.
·
Trabalhar com as estratégias de leitura,
no sentido de a criança ir tomando consciência de que o processo de ler prevê
seleção, antecipação, inferência e verificação de aspectos do texto que se lê.
As crianças haviam estudado em História e
Geografia que temos Nacionalidade e que existem várias formas de ambientes e
paisagens diferentes, onde ficaram conhecendo o Globo Terrestre, logo, o homem
faz parte desta historia transformando e modificando os fatos e acontecimentos
no tempo e espaço. A primeira atividade desenvolvida foi escolher um livro que
pudesse trazer abordagens curiosas sobre o assunto quando uma criança que já
havia lido o livro VIVIANA, Rainha do Pijama, relatou para os colegas fazendo
inferências entre o estudado e partes da historia.
Num segundo momento
trouxe cinco exemplares do livro para sala, realizei a Leitura Deleite e a cada
dia, cinco crianças levavam o livro para casa realizando a leitura, outros com
ajuda de familiares. Ouve leitura realizada pelas crianças em voz alta e em
grupos de cinco, a leitura da primeira carta-convite escrita pela personagem
principal seguindo com o dedinho.
Foi estudado de maneira sistematizada o
gênero Bilhete (sugerido pelo livro didático) De Olho no Futuro (páginas 159,
160, 161), e o gênero Carta. O livro se estrutura em torno das cartas-convite
enviadas pela personagem principal e as cartas-resposta dos animais, onde a
personagem consulta todo tempo um Mapa Mundial para localizar os endereços dos
mesmos. O gênero em questão segue uma estrutura definida.
As
crianças perceberam que durante a história o personagem adicionava figuras para
referir ao animal que escrevia, usando uma Mensagem ao destinatário e uma Saudação
de despedida. Nessa festa vai haver um concurso de Pijamas desafiando o
vencedor do ”pijama mais animal”. Listava expressões do tipo: chocante e ousado
(p. 20); macaco tão atirado (p.20); já está no papo (p.21); pijama animal
(p.7); festa bárbara (p.9). Localizaram informações nas cartas- resposta dos
animais; Quais tipos de pijama usavam ao dormir; Foram solicitados a escolher o
pijama que mais gostaram argumentando suas respostas; Compararam convites de
festa com as cartas escritas por Viviana e pelos animais; Foram incentivados a
escrever bilhetes e cartas aos colegas da sala de aula, após a escrita
estimulei a leitura e verificação de possibilidade de correção, realizando a
reescrita; Familiarizaram com o carteiro na visita ao correio conscientizando
de sua função e quais serviços prestam a sociedade; Entusiasmaram ao analisar e
localizar no Mapa Mundial e no Globo Terrestre espaços geográficos e as
localizações dos países; Tiveram oportunidade de listar nomes de animais e
países; Enfoque na pesquisa diante da destruição do Planeta Terra e na
descoberta do número de sua cidade (CPE). A todo o momento propiciei atividades
interativas a fim de favorecer o desenvolvimento e a autonomia dos alunos
deixando-os livres para ter acesso ao mundo da informação ao interagir com o
objeto de conhecimento estabelecendo relações entre a realidade e o imaginário,
entre outras possibilidades.
Os
alunos concluíram que Viviana a personagem principal escreve de maneira
divertida sua carta-convite para atrair a atenção dos leitores e divertir.
Conseguiu extrair das páginas lidas o que seria uma carta.
A
partir desse conhecimento, como mediadora, escreveram coletivamente uma
carta-convite a um novo animal. Em um cartaz grande, registrei na frente dos
alunos, as respostas dadas por eles. Cada aluno realizou a sua escrita,
observando o endereço, destinatário e remetente. Assim sendo, faço avaliação de
observações constantes e individuais de meus alunos para acompanhar seus
avanços e dificuldades.
Avaliação
dos resultados
Os objetivos
foram alcançados principalmente os objetivos de reconhecer finalidades do
texto, ler em voz alta, localizar informações com autonomia.
Mesmo
não sendo temas do cotidiano de cada um, foi notável como se empenharam em
escrever mais e melhor.
Uma
dificuldade percebida foi omitir fatos importantes. Ao analisar as produções
percebi que o que na oralidade era algo vivido pelas crianças deixou de
relatar, de escrever imaginando que o outro saberia de que se tratava.
Solicitei
a cada um que ao fazer a releitura lembrassem que o carteiro era desconhecido
para todos, a fim de perceber que estavam omitindo informações que facilitariam
a compreensão do texto.
Considerações
Finais
Considerando
o conhecimento como instrumento de construção e transformação da realidade e do
sujeito, acredito na relação SUJEITO-OBJETO-REALIDADE, por meio da mediação do
professor como importante papel na sociedade atual. Apoiada nesse pressuposto
e, ao mesmo tempo ciente das limitações de um material estruturado e impresso
sob a forma de livro didático, as sequências didáticas pressupõem um trabalho
pedagógico organizado em uma determinada sequencia, durante um determinado
período estruturado pelo (a) professor (a), criando-se, assim, uma modalidade
de aprendizagem mais orgânica e se dispõe de certa maneira de propiciar boas
condições de aprendizagem uma vez que o uso de um único tipo de material tende
a empobrecer o processo de aprendizagem, justamente no momento em que a criança
se encontra mais curiosa em relação ao mundo que o cerca. Aprender a ler e
escrever são um direito de todos.
As
formações do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa que veio como
Programa do Governo Federal cujo objetivo maior é a garantia de uma escola de
qualidade, proporcionaram-me estudo sistemático e o repensar da prática,
levantando questões importantíssimas como o Direito de Aprendizagem e estudo e
compreensão de trabalhos antes cristalizados e os trabalhos sugeridos
encontram-se em sequencia, o que não quer dizer que tenham que ser desenvolvidos
nessa ordem. Eles poderão ser trabalhados paralelamente ou numa sequencia
diferenciada da apresentada.
A
formação continuada do professor provoca reflexões que implica mudança de
mentalidade sendo uma das principais vias de acesso á melhoria da qualidade de
ensino.
Numa
tentativa de envolver os sentimentos, pensamentos e ações de todos os
envolvidos (alunos, pais, professora) a prática descrita neste relato Viviana,
Rainha do Pijama, proporcionou-me perceber o quanto é importante ouvir o que os
alunos trazem e valorizar suas curiosidades. Porém o professor só é capaz de
ter tal sensibilidade quando possui um conhecimento teórico como base, um
conteúdo teórico que lhe permita ter clareza e determinação dos caminhos para
essa integração que surgirão da prática e da busca de formas adequadas de
organização do trabalho pedagógico.
Sinto-me
grata por participar de um Programa tão intenso, de cultivar o gosto em
continuar a aprender, a descobrir coisas novas e reviver o entusiasmo pelo que
faço e acredito.
“Tudo
aquilo que a criança constitui e constrói em situações de aprendizagem será
sempre recontextualizado dentro e fora da escola, de tal modo que ela possa
operar de maneira compreensiva, autônoma e criativa”
MELCHIOR,
1999.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICA
Coleção
Sistema de Ensino Aprende Brasil. Ensino
Fundamental: orientações metodológicas, 1º ano – Volume 4
PIRES,
Liliane Lofft – Coleção Pitágoras Ensino Infantil. Belo Horizonte, 2003.
p.3-20. ,
____. Ensino Fundamental de Nove Anos. Orientações básicas... Brasília:
MEC/ Secretária de Educação Básica, 2009.
TOSATO, Cláudia Mirian e TOSATO, Carla Cristina – Alfabetização
Matemática. Coleção Hoje é dia de Matemática – 2º Edição Curitiba – 2011.
P.228, 229, 230, 231, 232.
CAFIERO,
Delaine – Letramento e Leitura: formando leitores críticos.
Obs: Não percam na próxima postagem a turma da Professora Rossélis indo ao correio da Cidade...
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