MEUS ALUNOS NÃO TEM CONTATO COM A
ESCRITA. POR ONDE COMEÇO?
O pouco acesso à cultura
escrita se deve às condições sociais e econômicas em que vive grande parte da
população. O aluno que vê diariamente os pais folheando revistas, assinando
cheques, lendo correspondências e utilizando a internet tem muito mais
facilidade de aprender a língua escrita do que outro cujos pais são analfabetos
ou têm pouca escolaridade. Isso ocorre porque ao observar os adultos a criança
percebe que a escrita é feita com letras e incorpora alguns comportamentos como
folhear livros, pegar na caneta para brincar de escrever ou mesmo contar uma
história ao virar as páginas de um gibi. Cabe à escola oferecer essas práticas
sociais aos estudantes que não têm acesso a elas.
O ponto de partida para
democratizar o contato com a cultura escrita é tornar o ambiente alfabetizador:
a sala deve ter livros, cartazes com listas, nomes e textos elaborados pelos
alunos (ditados ao professor) nas paredes e recortes de jornais e revistas do
interesse da garotada ao alcance de todos. Esses são alguns exemplos de como a
classe pode se tornar um espaço provocador para que a criança encontre no
sistema de escrita um desafio e uma diversão. Outra medida para democratizar
esses conhecimentos em sala de aula é ler diariamente para a turma. "A
criança lê pelos olhos do professor - porque ainda não pode fazer isso sozinha
-, mas vai se familiarizando com a linguagem escrita", explica a educadora
Patrícia Diaz, da equipe pedagógica do Centro de Educação e Documentação para
Ação Comunitária (Cedac), em
São Paulo.
QUANDO POSSO PEDIR QUE AS CRIANÇAS
ESCREVAM?
Elas devem escrever sempre, mesmo quando a escrita parece apenas
rabiscos. Ao pegar o lápis e imitar os adultos, elas criam um
"comportamento escritor". E, ao ter contato com textos e conhecer a
estrutura deles, podem começar a elaborar os seus. No primeiro momento, as
crianças ditam e você, professor, escreve num papel grande. Além de pensar na
forma do texto, nessa hora os estudantes percebem, por exemplo, que escrevemos
da esquerda para a direita. Devemos mostrar que a escrita requer um tempo de
reflexão antes de ser colocada no papel.
Antes da escrita, as crianças devem definir quem será o leitor. Assim, quando você lê o texto coletivo, elas imaginam se ele compreenderá a mensagem. Nas primeiras produções haverá palavras repetidas, como "daí". Pelo contato diário com textos, os alunos já são capazes de revisar e corrigir erros. "Com o tempo, antes mesmo de ditar, eles evitam repetir palavras e pensam na melhor forma de contar a história". Em paralelo, é importante convidar a garotada a escrever no papel. Isso dá pistas valiosas sobre seu desenvolvimento.
Antes da escrita, as crianças devem definir quem será o leitor. Assim, quando você lê o texto coletivo, elas imaginam se ele compreenderá a mensagem. Nas primeiras produções haverá palavras repetidas, como "daí". Pelo contato diário com textos, os alunos já são capazes de revisar e corrigir erros. "Com o tempo, antes mesmo de ditar, eles evitam repetir palavras e pensam na melhor forma de contar a história". Em paralelo, é importante convidar a garotada a escrever no papel. Isso dá pistas valiosas sobre seu desenvolvimento.
POSSO ALFABETIZAR MINHA TURMA DE EDUCAÇÃO
INFANTIL?
Sim, desde que a aprendizagem
não seja uma tortura. Participar de aulas que despertem a curiosidade e
envolvam brincadeiras e desafios nunca será algo cansativo. Em turmas que têm
acesso à cultura escrita, a alfabetização ocorre mais facilmente. Por observar
os adultos, ouvir historinhas contadas pelos pais e brincar de ler e escrever,
algumas crianças chegam à Educação Infantil em fases avançadas. Por isso,
oferecer o acesso ao mundo
ALGUMAS ATIVIDADES ADEQUADAS:
·
Em sala, os professores devem ler diariamente.
·
Explorar o uso de listas e promover
brincadeiras.
·
Os pequenos identificar seu nome em pastas e
materiais.
·
Usar crachás, produzir textos coletivos que
ficam expostos nas paredes.
·
Ter sempre
à mão livros e brinquedos.
Essas atividades incentivam a pensar sobre a escrita, tornando-a um
objeto curioso a ser explorado. E tudo de forma dinâmica, porque a dispersão é
rápida", ajudam também a desenvolver o comportamento leitor desde cedo
para que os alunos se comuniquem bem, produzam conhecimentos e acessem
informações.PRECISO ENSINAR OS NOMES DAS LETRAS?
Sim. Como a criança poderá
falar sobre o que está estudando sem saber o nome das letras? Ter esse
conhecimento ajuda a turma a explicar qual letra deve iniciar uma palavra, por
exemplo. Para ensinar isso, basta citar o nome das letras durante conversas
corriqueiras. Se a criança está mostrando a que quer usar e não sabe o nome,
basta que você a aponte e diga qual é. Trata-se de algo que se aprende
naturalmente e de forma rápida, sem precisar de atividades de decoreba que
cansam e desperdiçam o seu tempo e o do aluno.
COMO SELECIONO E USO
OS TEXTOS EM SALA DE AULA?
É preciso ter critérios e
objetivos bem estabelecidos ao escolher os textos. Por exemplo: se ao tentar
diversificar os gêneros você ler um por dia, os alunos não perceberão as
características de cada um. "O ideal é que a turma passeie por diversos
gêneros ao longo do ano, mas que o professor trace um plano de trabalho para se
aprofundar em um ou dois", afirma. A narração é sugerida como base para o
trabalho na alfabetização inicial, pois ela permite ao aluno aprender sobre a
estrutura da linguagem e do encadeamento de ideias. A escolha dos textos deve
ser feita de acordo com o repertório da turma. É preciso verificar se a maioria
dos alunos passou ou não pela Educação Infantil, que experiência eles têm com a
escrita e que gêneros conhecem. Durante a leitura de uma revista, por exemplo,
é importante chamar a atenção para títulos, legendas e fotos. Assim, as
crianças aprendem sobre a forma e o conteúdo. Se o texto é sobre plantas,
percebem que nomes científicos aparecem em itálico. "Por isso é
fundamental trabalhar com os originais ou fotocópias". Adaptar os textos
também não é recomendável. As crianças devem ter contato com obras originais,
uma vez que, ao longo da vida, serão elas que cruzarão o seu caminho. Se um
texto é muito difícil para turmas de uma certa faixa etária, o melhor é
procurar outro, sobre o mesmo assunto, de compreensão mais fácil.
escrito desde cedo é uma forma de amenizar as diferenças
sociais e econômicas que abrem um abismo entre a qualidade da escolarização de
crianças ricas e pobres. (Pedagoga: Maria Tereza Cruz)
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