quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Texto de reflexão para Reunião Pedagógica - Professores



 A Escola educa?

 (Autor desconhecido)


Numa tribo indígena não existe a escola como um momento separado. Todo o cotidiano é um processo pedagógico, educativo. O aparecimento da escola, como um momento do cotidiano, esta ligado à progressiva divisão social do trabalho. Na medida em a convivência social se tornou mais complexa, o cotidiano complementou- se em momentos específicos, cada um deles como um sistema autônomo, com sua lógica e regras próprias.
            Ninguém espera a família ou o clube ensine Álgebra ou Química. Não se espera também que a escola dê orientação sexual, considerada tarefa familiar. Essa divisão cartesiana ou funcionalista dos processos pedagógicos tampouco contempla o entrelaçamento escolar. Mesmo a religião é tida como esfera a parte. O resultado desse processo é a fragmentação da realidade. Cada vez se percebe menos o mundo em que se vive. Estabelecendo- se a dicotomia entre a fome de pão e de beleza. Educa- se para saciar a primeira, sem considerar o sentido mesmo da existência.
            O processo educacional abarca, numa concepção totalizante , quatro direções: Transmissão do patrimônio cultural, despertar das potencialidades espirituais, reflexão do que se vive e capacidade de modificar a realidade. Hoje, a escola restringe- se à primeira dimensão. O acesso ao saber justifica- se por razões da ordem instrumental. Aliado da criatividade e da reflexão transforma- se em processo de domesticação intelectual. Basta conferir os livros didáticos que já vêm com repostas às questões levantadas, como se fossem universais, neutras, sem implicações. Daí a perplexidade quando a resposta do educando não coincide com a da editora ou a do autor. Não se admite que uma mesma questão possa ter diferentes soluções. Assim, a aprendizagem confina- se na memorização, com a mera reprodução do saber.
            Filha da tradição cartesiana, a escola só se preocupa com a pessoa do pescoço para cima. Desconsidera pois o vasto legue de potencialidades não estritamente intelectuais, nas lúdicas, artísticas e espirituais, que não podem ser trabalhadas ao nível dos conceitos. Acentua- se a divisão entre o saber intelectual e o experimental. A escola, ao separar o espaço do aprendizado do espaço da existência, impede o sujeito de pensar o cotidiano com suas implicações. Essas aparecem fragmentadas, como se o assalto a banco não tivesse nenhuma relação com a polícia salarial ou as medalhas de ouro conquistadas numa olimpíada com o investimento na área social.

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